
mais uma vez abria os olhos pela manhã.
era uma vez diferente.
acordava de um bom sonho, no qual,
uma fada qualquer,
condenava-lhe ao amor.
ao melhor amor de todos os tempos.
decisão primeira: trocar o despertador por alguém mais gentil.
levantou-se com amor e decidiu levá-lo consigo por onde quer que fosse.
no café da manhã, determinou que não comeria mais glúten.
glúten inchava-lhe a barriga, e assim só queria o coração.
caminhando para trabalhar, correu. muita pressa.
o amor é rápido e passageiro.
olhou a repartição com olhos diferentes.
café frio, mesas feias,lascadas, pintura gasta,
pessoas cansadas, olheiras, chateadas e chatas.
apesar de supervisionar o departamento,
pediu as contas.
nunca contou porque pediu,
mas fato é, nunca mais contaram com ela.
um absurdo! contava quem ficou.
em sua jornada de condenação ao amor total, prosseguiu então.
tentou várias vezes saber onde ele se hospedava e oferecer-lhe abrigo.
vai que o amor é um forasteiro?
ora jejuava, ora se entupia de pastel com brigadeiro.
não era entendedora de amores, e no entanto
estava agora fazendo-lhe as vontades.
tentou outras combinações, ouvia por aí que o amor é inesperado.
andou por lugares esquisitos e estranhos, ele podia estar em qualquer esquina.
rezou para diferentes santos e divindades de devoções variadas, o amor é sublime.
doou todo o dinheiro que havia poupado,
um anúncio de TV falava que amor não era coisa de compra.
os vizinhos achavam que estava bem enlouquecida,
a família não sabia mais o que falar.
para a mulher que precisava muito ser amada,
agora, mais precisada e mais condenada,
o que não fosse de amor, pouco importava.
Um comentário:
Que bonito isso querida! Me vi ali na veia! Bjo
Postar um comentário