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sábado, 2 de fevereiro de 2013

dois do dois

Todo dia dois do dois cumpria o mesmo ritual: levantava mais cedo para arrumar os cabelos,  perfumava-se de rosas e vestia a longa saia rodada.
Apreciava luxos com moderação, mas para essa data um pouco mais era permitido.
E saía. Destino:  uma beira de praia qualquer, onde classicamente a água tem encontro marcado com a areia e extraordinariamente com sereias.
Como rezam lendas, costumes e cerimoniais, sempre encontrava muitas flores por ali.
Graciosamente, reunia os presentes recheados de desejos, vontades e intenções. E generosamente retribuía um por um.
Sempre deu créditos à gratidão pela construção do melhor do mundo e à gentileza, praticada com ênfase nesse dia, a manutenção dessas benfeitorias.
Sentia-se grata pelas gentilezas e sorria.
Um sorriso largo e abrangente, marca de mulheres assim.
Só por sorrir, sabia que tudo, tudo mesmo, já estava melhor : um riso sincero é divino. E não há nesse mundo ou mesmo em outros melhores, gentileza maior que sorrir.
Pedidos atendidos, carinhos e presentes reunidos, disse adeus, novamente sorriu e enfim partiu.
O céu já tinha lua e era hora de voltar.
A noite era de festa, daquelas bem grandes, cheias e sem previsão para terminar.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Nem sabia que figueiras floresciam antes dos frutos.

E não florescem mesmo. 
Lendo e pesquisando sobre o crescimento das figueiras descobriu uma espécie cheia de atribuições simbólicas milenares. 
Surpreendeu-se com sua escolha pela pequena árvore. 
Desconhecia tantos significados. 
Descobriu que suas flores muito pequenas desenvolvem-se no interior da própria fruta quando ainda verde. 
Olhou para a planta com admiração e ficou feliz com o seu incremento visivelmente expressivo. 
Ou expressivamente visível.
Não saberia descrever a origem de tanta admiração, logo ela que nunca teve mãos ou dedos adubadores, escolher como presente uma figueira!
Ainda impressionada com as flores internas da espécie e com tantas conotações atribuídas, estacionou-se ali por alguns longos minutos tentando traçar vários paralelos entre o verde que crescia e seu próprio trajeto até o presente momento. 
Não via muita coisa, mas aquele instante fez-lhe muito feliz. 
Analisando mais profundamente, não era uma mulher sagrada, nem havia atingido estatura tão imponente;  mas a descoberta de flores internas aos frutos verdes, soava-lhe fascinante e bem familiar. 
Ainda assim, as metáforas insistiam em se ausentar. 
Vai ver não eram as semelhanças que uniam as duas espécies, era somente o pequeno instante de felicidade. Só isso. 
17:51