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terça-feira, 16 de agosto de 2011

a carta de amor

minha carta de amor se despedaçou 
em milhares de pequenos pedaços ilegíveis de papel usado.
antes, uma declaração cheia de poesia,
passado um tempo, é só papel escrito 
que nem a traça quis roer. 

a carta de amor tinha um endereço,
descobri anos mais tarde ser falso.
endereçada a ninguém realmente endereçável,
voltou, guardei e amarelou.
(amarelo é o branco que sujou.) 
agora que a minha carta de amor, 
não tem mais quem amar, 
é papel sujo e amarelo somente. 
devidamente picado, com boa vontade reciclado.

endereços de cartas de amor, 
mesmo inexistentes,
deveriam ao menos,
ter compaixão dos remetentes. 

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