minha carta de amor se despedaçou
em milhares de pequenos pedaços ilegíveis de papel usado.
antes, uma declaração cheia de poesia,
passado um tempo, é só papel escrito
que nem a traça quis roer.
a carta de amor tinha um endereço,
descobri anos mais tarde ser falso.
endereçada a ninguém realmente endereçável,
voltou, guardei e amarelou.
(amarelo é o branco que sujou.)
agora que a minha carta de amor,
não tem mais quem amar,
é papel sujo e amarelo somente.
devidamente picado, com boa vontade reciclado.
endereços de cartas de amor,
mesmo inexistentes,
deveriam ao menos,
ter compaixão dos remetentes.
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