Arquitetura e Cenografia

Ao analisarmos a vida cotidiana e ordinária por uma ótica mais grandiosa e livre das pequenas e insistentes questões do dia a dia, conseguimos perceber a dramaticidade na qual cada indivíduo comum está automaticamente inserido. Nossos lugares habitáveis são nada mais que palcos para a encenação da vida. Todos os dias nos deparamos com histórias fantásticas, que dependendo do narrador, podem ganhar humor, glamour ou até mesmo uma tristeza muito profunda.

A arquitetura de ambientes de trabalho, residências e locais públicos é fator determinante para o comportamento dos indivíduos ali contextualizados. Quem é que não tem guardado na memória aquela linda noite, à luz de velas, com uma trilha sonora de arrepiar até os pelos internos do ouvido, na qual o sapo mais repelente de todos os pântanos se transformou em um lindo príncipe? Agora, leve este mesmo sapo para a sua casa e veja se continua com a mesma realeza. Certos encontros e situações só são possíveis em determinados cenários com objetos de cena bem específicos.

Na vida assim como nos palcos o local físico onde a cena se desenvolve é crucial para a ação dos personagens. Claro que há, muitas vezes um certo exagero poético em cenografia. Mas, nada mais é que a importância enfatizada pela dimensão. Cenógrafos e arquitetos pré determinam em seus desenhos as atitudes e vibrações de quem povoará seus espaços. A diferença crucial, a meu ver, é o tempo da história: cenários para textos concebidos e arquitetura para textos que serão concebidos.

Olhe ao seu redor e ouça o que o ambiente tem a dizer. Perceba a luz, os adornos, o capricho da produção e os múltiplos efeitos sobre as relações que ali tomam forma. Imagine então, as infinitas possibilidades de encenações que poderão ser realizadas num movimento quase automático e natural.

daniZide
080613